quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

EXPOSIÇÃO: A PRIMEIRA INDIVIDUAL




José Geraldo Germano (Olaria Beiramar, São José-SC). Foto: Miriam Zomer/Alesc. Geraldo Germano anuncia a
primeira exposição individual
Primeiro foram os desenhos, depois os quadros à óleo e outras tintas, a decoração de peças de cerâmicas. Era um artista plástico. No final da década de 70 do século passado conheceu o senhor José de Souza, mestre Zequinha, oleiro de mão-cheia residente na Ponta de Baixo (São José-SC).
Desde então abandonou o desenho e as telas e se tornou um oleiro, aprofundando-se na argila, sem ter realizado uma exposição individual, participando apenas de raras coletivas. Aos 60 anos de idade, Geraldo decidiu mostrar seus trabalhos em agosto com peças figurativas mostrando em cerâmica alguns momentos de sua vida.
Nascido em 1952 no distrito de Guatá, no pé da Serra do Mar, no município de Lauro Muller, passou a infância em Orleans, transferindo-se com a família ainda adolescente para a Capital, passando depois para o bairro Ponte do Maruim (Palhoça-SC). Ali alí, num estúdio improvisado nos fundos da casa dos pais, começou o que seria uma carreira de artista plástico.
"Casal". Nanquim sobre papel, 1980. Acervo: MASC.Guinada
Hábil, criativo, com traços finos e estilo próprio, sensibilidade aguçada, experimentava as formas, desafiava as cores, iludia perspectivas e driblava os volumes, apresentando desenhos e pinturas de fino acabamento e bom gosto. Por isso sempre foi cobrado: deves fazer uma exposição. Nunca aceitou, sempre desconversou. Não havia encontrado seu caminho.
Certa vez, ao caminhar pela rua Assis Brasil (Ponta de Baixo), como sempre fazia, teve a atenção despertada por uma olaria nos fundos de uma casa. Nesse dia ele deixou os amigos esperando, pois estava tomando uma decisão que mudaria o rumo de sua vida e do fazer artístico: trocaria os desenhos e telas pela roda de oleiro, daria uma guinada de 180 graus.
Naquele momento isso não ficou evidente. Foi preciso o tempo passar para se constatar a virada, a dedicação efetiva à cerâmica através de mestre Zequinha. E a esperança dos que desejavam conferir uma exposição individual das obras do artista, se viu adiada para um futuro incerto.
Num primeiro momento ele atuou na Escola de Oleiros de São José, tornando-se professor concursado pela Prefeitura, até a criação em 2005 da Olaria Beiramar, junto com Adriano de Brito e Newton Souza, onde continuou a fazer suas artes.
"Santa Cruz do Divino". Forno Elétrico, Engobe, 1000ºC. Roda de oleiro tradicional e figurativo. Menção Honrosa no 3º Salão Nacional de Cerâmica de Curitiba, 2010.Memórias
Na individual de agosto vão estar presentes os elementos simbólicos visão de mundo do operoso artista, desde as estradas de ferro do Sul catarinense, passando pelo pai sapateiro e a mãe cantora, até as imagens do litoral com seus pescadores e rendeiras.
Muitas destas informações são de minha vivência com Geraldo desde meados da década de 70 do século 20, outras contadas pelo oleiro em visita a Santo Antônio de Lisboa, cuja arquitetura e ambiente marinho sempre o atraíram. "Era isso o que eu queria contar. Vou fazer minha primeira exposição individual em agosto deste ano".
Confira o blog da Olaria Beiramar - Avenida Acioni de Souza Filho, s/n, Beiramar de São José, fone (48) 32414992.